Delci Couto
14 de Novembro de 2019A mudança começa de baixo para cima
A reforma do obeso estado brasileiro deve iniciar-se de baixo para cima e não o contrário. A residência do cidadão é no município e nele, perto do cidadão, que devem iniciar as reformas, as mudanças que a sociedade reclama para, posteriormente, chegar aos estados e na federação.Como nos demais municípios brasileiros, a máquina pública de João Monlevade também padece de obesidade mórbida, de tão gorda, quase não anda, necessita de operação bariátrica urgente Pela pesquisa recentemente realizada, a sociedade não se entusiasma pelas candidaturas até então apresentadas. Quem se habilita a ser o candidato das mudanças, das reformas, a ser este cirurgião que fará a operação bariátrica urgente na máquina administrativa do município?É preciso entender e distinguir a causa deste “divórcio” entre a sociedade e a classe política. Dentre as várias causas, além da corrupção, é a gritante diferença salarial entre a privilegiada classe política e a classe dos cidadãos, a dos mortais cidadãos comuns. Vejamos: a classe dos professores, com salário médio mensal de R$2.000,00 a R$3.000,00 e a nobre classe dos edis com salário mensal girando em torno de R$7.000,00. Abrindo uma discussão sobre esse tema e sabendo que quem paga os salários de nossos políticos, somos nós cidadãos, com o espírito democrático e respeitando a autonomia dos poderes, como cidadão monlevadense e avaliando o custo/beneficio, não estou disposto a pagar mais de R$3.000,00 mensais como ajuda de custo para os nossos vereadores. Em uma cidade do porte de João Monlevade, o honroso cargo de vereador não deve ser visto e encarado como profissão e sim como um serviço de cidadania. Ainda discutindo o tema Legislativo Municipal, analisando friamente a não tão distante elevação do número de vereadores de 11 para 15, o que gerou aumento no custo mensal da Casa Legislativa em torno de 1/6 de seu custo anterior, a pergunta clássica é a seguinte: houve melhoria na qualidade dos serviços prestados pela Casa Legislativa aos munícipes com a evolução da qualidade das leis ali aprovadas? Ou da reprovação de leis nocivas ao cidadão? A certeza que temos é a elevação do custo nesta ação. Mas e os benefícios? Alguém poderá me dizer? É necessário debater e repensar a estrutura do estado brasileiro nas três esferas. O executivo Municipal, cargo transitório, deve ser exercido com o sentimento de honra, altruísmo e cidadania e o valor da remuneração para este cargo não deveria ter toda essa relevância. Não é o dinheiro que mais importa e sim a indefinida honra de ser servidor, de estar servindo aos seus munícipes. Não é de bom alvitre que o prefeito municipal tenha um polpudo salário e, em contrapartida, há carência de recursos, sobretudo na área da saúde, para investir no cidadão. Que esses temas sejam a mola mestra para um amplo debate nas eleições municipais que se avizinham. Operação bariátrica urgente na estrutura administrativa deste município. Menos ação política partidária e mais ação de cidadania. Como cidadão monlevadense, não estou disposto a pagar mais de R$10 mil mensais de remuneração ao próximo prefeito.Redução drástica dos cargos políticos de livre nomeação, do número de secretarias e de assessorias, redução do distanciamento da remuneração da casta e privilegiada classe política e do cidadão comum devem ser o tema dominante da próxima eleição. É um diagnóstico do sentimento de mudança que reina no espírito do cidadão monlevadense. A candidatura que representar este social anseio de mudança está habilitada para sentar-se na cadeira de prefeito a partir de Janeiro de 2021.Precisamos de ideias novas para serem debatidas. Este modelo atual está falido e que a sociedade encontre o caminho de seus sonhos: a Monlevade que queremos para nós e para nossos filhos e netos. A sorte está lançada, são as ideias, o pensamento, que movem o mundo Você, cidadão monlevadense, está convidado para um profícuo debate destas ideias de propostas, ainda incipientes, de ampla reforma e do modus operandi de nossa agonizante estrutura administrativa em que a função do prefeito, por falta de recursos para investimentos, configura-se como mero gestor de folha de pagamentos. É muito pouco para a relevância deste cargo
Delci Couto é contador, perito, auditor e consultor empresarial