Respeitando a independência e a harmônica relação de convivência pacífica entre os poderes, no entanto observo que ainda há espaço para que a Casa Legislativa rediscuta a sua função e reescreva a sua história na discussão de premissas outras que venham adequar os seus objetivos aos anseios esperados pela coletividade. Munido desta visão, observo e entendo que o honroso cargo de vereador não deve ser visto e encarado como profissão, mas sim como um complemento de serviço de cidadania.
Consequentemente, o valor remuneratório deste cargo não necessariamente deveria ter tanta relevância. Já foi zero num passado não muito distante e, naquela época, a distinção honorífica deste cargo era muito mais reconhecida e recebia da coletividade a gratificante continência do “respeito” que, infelizmente, anda muito ausente nos dias atuais.
Sem pretender ser o dono da verdade, no entanto, penso que uma ajuda de custo do valor em torno de três salários mínimos seria o passo inicial de uma proposta para uma profícua discussão entre os futuros pares desta Casa e, com esta medida, o Legislativo estaria dando a sua efetiva contribuição a esta tese de combate às desigualdades sociais.
A Casa Legislativa poderia também repensar e analisar o custo/benefício advindo da elevação do número de vereadores de 11 para 15: houve melhoria na qualidade dos serviços prestados aos munícipes, com a evolução da qualidade das leis aprovadas? Ou da reprovação de leis nocivas ao cidadão? – A coletividade não aceita o silêncio como resposta!
Que Monlevade clama por mudanças é um fato inconteste! Mudanças nas ideias, no “modus operandi” na valorização do mérito e eficiência na gestão. Não basta simplesmente ser “novidade”, o “novo” na política, ou na idade... Monlevade já passou por esta experiência e o resultado não foi o esperado... A velha política dos coronéis, da celebrada escola do “Maureirismo”, também perde força e credibilidade, assim como a escola da política do confronto do “nós contra eles”.
Por outro lado, há um sentimento de “desconfiança” e cheira a “oportunismo político” esta inocente onda da “terceira via”, constituída de políticos de inquestionáveis e respeitados históricos. Porém, pesam sobre eles, o fato de trazerem no DNA o estigma de células recentemente desmembradas da escola do Maureirismo. Trocam-se “seis por meia dúzia” e vivem atualmente sob o manto, proteção e o “guarda-chuva” de outra velha e conhecida “raposa” da nossa política local. Terá a “terceira via” independência suficiente para promover as mudanças, as reformas estruturantes clamadas pela coletividade? – Somente o tempo dirá!
Infelizmente, neste retrato falado de Monlevade, outras perguntas sem respostas passam a fazer parte do nosso cotidiano: as pré-candidaturas até então aqui postas atendem ao perfil do clamor deste vento cíclico de mudanças? - Num fiapo de luz, a única visão que me surge e deixa a minha alma estarrecida é a certeza verossímil da tese: Monlevade carece de novas lideranças.
Até quando? Cadê a Escola de formação de “líderes”? Seria um dos efeitos da ação da “dinastia” do Maureirismo? - Muda-se o tempo! Céu escurecido! Trovoadas e tempestades de ideias! Fascinam-me ideias criativas, mentes iluminadas e meu pensamento voa livre! Não voto em nomes, em partidos políticos! Voto em ideias novas, por mudanças que reduzam drasticamente o custo operacional da máquina administrativa e que Monlevade possa entrar definitivamente nos trilhos da racionalidade política e volte a crescer, não cinquenta anos em cinco como na era JK, mas, possivelmente, vinte anos em quatro!
E, neste clímax, quase “sonhático”, perplexo, eu me pergunto: quem representa esta ideia e em quem irei votar? – Sinceramente, ainda não sei! E na neblina da incerteza, a noite cai! Nenhum lampejo de luz... Até o raiar de um novo dia!
Mas, mudar é preciso e a nossa arma é o voto independente e consciente. Ninguém quer perder posições e privilégios! Adotem esta ideia, entrem na luta, protejam os seus ouvidos e não se perturbem com os efeitos dos estampidos dos gritos das hienas famintas que certamente virão! Aliás, as hienas já estão gritando... Silenciosamente!
(*) Delci Couto um livre pensador – Contador, Perito, Auditor e Consultor Empresarial