Desde 1984
Eduardo José Quaresma
30 de Outubro de 2020
Rede de Cidades Criativas

Amanhã, 31 de outubro, celebra-se o Dia Mundial das Cidades. Ano passado, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) escolheu duas novas cidades para fazer parte da Rede de Cidades Criativas. Belo Horizonte foi escolhida pela Gastronomia, e Fortaleza, pelo Design. 

A importância, como já comentado nos artigos anteriores, da Rede de Cidades Criativas da Unesco, é promover a cooperação internacional entre municípios de diferentes locais, que investem na cultura e na criatividade como aceleradoras do desenvolvimento sustentável. Este ano em julho, o Brasil iria sediar o Encontro da Rede Mundial de Cidades Criativas, em Santos (SP), mas devido a pandemia foi adiado.

Belo Horizonte entrou para o seleto grupo das Cidades Criativas da Unesco. A riqueza de ingredientes e regionalidade, e o tempero já consagrados nas nossas mesas se tornaram referência internacional. Um dossiê elaborado pela Belotur, com colaboração de empresários, chefs e associações ligadas à comida do estado permitiu que BH fosse agraciada pela Unesco como uma das capitais mundiais da gastronomia criativa. Já Fortaleza, por sua influência na área do design, também se tornou uma cidade criativa. E teve também como candidata a cidade mineira de Cataguases com população em torno de 75.000 habitantes que concorreu a uma vaga por sua produção cinematográfica, mas não entrou para o grupo. Pode ser exemplo para nossa JM.

Importante para BH se tornar realidade foi o trabalho coletivo, com a participação do poder público e associações, com apoio do setor privado, a partir de empresários e chefs. A valorização da gastronomia mineira impulsiona a economia de Belo Horizonte e é um motor do desenvolvimento econômico.

Segundo técnicos da Prefeitura, as políticas públicas desenvolvidas como as feiras comunitárias e o restaurante popular, e o fato de a cidade ter a síntese da gastronomia mineira, contribuíram para este feito. E segundo eles, o título passa a ser motivo de mais trabalho, pois uma série de compromissos a serem cumpridos, não só na troca de experiências a partir da rede criativa, mas também desenvolver programas que envolvam toda cadeia da gastronomia. 

Para conquistar o título, BH mostrou a diversidade de 70 festivais que são realizados na cidade anualmente, os botecos e a importância da geração de emprego e renda, cadeia produtiva que gera mais de 54 mil postos de trabalho, e que movimenta um valor em torno de R$4,5 bilhões por ano.

No caso de BH, a contribuição da gastronomia mineira é importante para o turismo e para a economia e a participação de pequenos empresários no Mercado Central, com o famoso fígado com jiló, até os restaurantes sofisticados foi fundamental para a cidade ser escolhida. Além disto, os queijos fazem um sucesso entre os turistas. 

E a nossa João Monlevade, bem que já poderia ser chamada de JM (igual BH). Ela precisa “conversar” com outros municípios em busca das mehores soluções. É preciso trocar ideias por meio de seminários e cursos, para definir o caminho a ser trilhado nesta proposta. Mas é importante iniciar esta conversa o quanto antes, para definir qual é a vocação da cidade. Já existem alguns estudos em andamento e sugestões e críticas construtivas são muito bem-vindas. 


(*) Eduardo José Quaresma é engenheiro civil e professor

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