Já apresentamos neste espaço, o que é o BIM (Building Information Modeling), em português, Modelagem da Informação da Construção. O mundo já caminha nesta tecnologia e o governo tem incentivado a utilização da metodologia nas obras públicas. Ressalta-se que a construção civil é a grande interessada, pois o maior contratante de projetos a nível nacional é o próprio governo. As Prefeituras são responsáveis por diversas ações executivas: hospitais, escolas, drenagem, novas ruas, avenidas, praças, mobilidade urbana, moradias populares, mas necessitam aumentar a produtividade e reduzir gastos com obras.
Temos em vigor o decreto Nº 10.306 desde o dia 2 de abril de 2020 que estabeleceu o uso do BIM na execução direta e indireta de obras e serviços de engenharia, realizada por órgãos públicos e pelas entidades da administração pública federal. A proposta é difundir e aplicar a metodologia o máximo possível. Esse decreto tem que obedecer algumas etapas. A primeira fase, a partir de 1º de janeiro de 2021, está focada em projetos de arquitetura e de engenharia para construções novas, ampliações ou reabilitações, quando consideradas de grande relevância para a disseminação do BIM. Nesta fase, será proposta a exigência do BIM na elaboração dos modelos de arquitetura e de engenharia, na detecção de interferências, na revisão dos modelos de arquitetura e de engenharia, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica, a partir desses modelos.
A segunda fase, a partir de 1º de janeiro de 2024, deverá contemplar algumas etapas que envolvem a obra. Entre essas, o planejamento da execução, para construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações e a atualização do modelo e de suas informações como construído, para obras cujos projetos de arquitetura e engenharia tenham sido realizados ou executados com aplicação do BIM. A terceira fase é a partir de 1º de janeiro de 2028.
Para o sucesso da implantação desta metodologia foi criado o plano de execução BIM ou BIM Mandate. Assim, para a implementação do BIM nas Prefeituras temos quatro etapas: adequação de hardware e compra dos softwares necessários; suporte a treinamento de equipe; Projeto piloto para pôr em prática o ambiente de trabalho; análises críticas, definir fluxos, conteúdos e padrões e, por fim, uma avaliação dos resultados, revendo as possibilidades de melhoria, onde o órgão armazena seu manual de boas práticas e define novas metas para a execução.
Também foram criados indicadores e metas para o uso do BIM no Brasil. Dentre esses, aumentar a produtividade das empresas em 10%, reduzir em 10% os custos de produção; aumentar em 10 vezes a adoção do BIM que hoje é 5% do PIB da construção civil e elevar em 30% o PIB desse setor. Estes indicadores darão a noção da evolução de todo processo.
O país tem tudo para ter muito sucesso com a implementação do BIM, a começar pelas Prefeituras e demais órgãos públicos. Já temos casos de sucesso em administrações que estão aplicando essa metodologia. Elas ganham mais precisão, menos retrabalho e mais transparência nos projetos. Nós, profissionais e operadores da Engenharia, temos muito que avançar e o decreto é um excelente incentivo para que as estratégias saiam do papel. Para isto temos que capacitar, aperfeiçoar e treinar, pois esta metodologia BIM já demonstra que traz diversos benefícios. Quanto mais próximo da realidade o planejamento da obra estiver, maiores são as chances de sucesso do empreendimento no futuro.
(*) Eduardo José Quaresma é inspetor chefe do CREA-MG, professor universitário e secretário de Obras de São Gonçalo do Rio Abaixo