Em sua última edição, no dia 25 de fevereiro, o jornal A Notícia publicou “Licitação do transporte pode não ter interessados”. Na matéria, o prefeito Laércio Ribeiro (PT) afirmou que “a licitação para escolher a nova prestadora do transporte público coletivo em João Monlevade pode não atrair interessados”. Destacou, “que outras cidades enfrentam o problema do abandono das concessionárias”, mais ainda, que “a toda hora uma empresa para de rodar” em Belo Horizonte.
Percebe-se que esse alerta surge quando o debate sobre o subsídio para a concessionária entra em vias de renovação. Não sendo essa, a necessidade de se convencer a Câmara de vereadores, qual será a intenção do prefeito quando expôs seu anseio ao A Notícia?
Onde não houve interesses pelas licitações para o Transporte Público Coletivo?
Em Caeté (MG), a empresa Transcol venceu concorrida licitação e dará continuidade ao programa Tarifa Zero pelos próximos 60 meses. O prefeito Lucas Coelho ponderou “que neste período de crise, não poderíamos, de forma alguma, permitir, o nosso povo ficasse desamparado. O transporte gratuito nos ônibus continuará beneficiando do idoso à criança, as empresas e seus empregados, fazendo com que nossa cidade ofereça mais bem-estar a todos”. – Todo esse otimismo caeteense demonstra o desejo do prefeito e que o interesse das empresas de Transporte Público Coletivo pela prestação de serviços de qualidade para a população ainda vigora.
Por qual desejo haverá licitação desertada?
Os grandes entraves enfrentados pelas empresas que buscam concorrem em licitações para o Transporte Público Coletivo são as garagens. Terá no edital a exigência de garagem? Fossem garagens do município e alugadas aos vencedores, poder-se-ia aumentar bastante os números de empresas concorrentes, pois é na licitação que ela se pode dar, uma vez dado o mercado monopsônio.
Podemos ainda ir mais longe. Com as garagens municipais e fazendo-se concorrência apenas de fretamento, acaba-se com as áreas exclusivas, podendo-se contratar vários fretadores, independentemente de área de operação, claro que se mantendo um bom nível de eficiência do sistema.
Quem disse que João Monlevade deixará de atrair empresas para o Transporte Público Coletivo?
Apesar do prefeito garantir que a licitação será realizada conforme o cronograma estipulado, sua evidente descrença na capacidade do município em atrair investidores deixa a todos bastante inseguros quanto às possibilidades de melhorias, não só no transporte público, mas em todas as áreas do trânsito, mesmo tendo uma empresa com o gabarito da Cidade Viva Engenheiros e Arquitetos que está trabalhando para apresentar sugestões e realizar o diagnóstico do atual cenário da mobilidade monlevadense.
Por fim, a afirmação do prefeito amplia ainda mais o desalento dos monlevadenses, uma vez que apenas corrobora com a posição da Enscon, que vem sendo muito mal avaliada pelos usuários num mercado tão promissor quanto o monlevadense. Em verdade, dificilmente, João Monlevade deixará de atrair empresas interessadas em operar o serviço no município, desde que a administração cumpra com seu dever de casa.
Elizeu Assis é doutor em História, mestre em Ciências, psicólogo e professor