A cultura é inescapável, está em toda parte e, por isso, é fundamental o seu estudo, o acesso a ela e, sobretudo, a sua difusão. Não só em João Monlevade, como na região, temos um patrimônio cultural gigantesco e que precisa ser reconhecido. Não só pelo poder público, mas sobretudo, pelas pessoas. Quantos moradores conhecem a história local? Falta um trabalho nesse sentido, que edifique e resgate a memória e a cultura no Médio Piracicaba, com políticas culturais efetivas e que deem um retorno para a população.
As 17 cidades do Médio Piracicaba têm um rico patrimônio material e imaterial: casarões, fazendas, obras sacras, guardas de congado, histórias orais, saberes e sabores que no remetem às páginas de nossa história. Quando falamos em artes, lembramos que em muitas igrejas, por exemplo, há peças de valores inestimáveis. Muitas dessas, são do artista português Francisco Vieira Servas, um dos mais importantes escultores e entalhadores do Barroco mineiro. Servas viveu anos na região e deixou aqui parte importante do seu legado.
É dele o altar da igreja de São José em Nova Era, santos e altares da Mariz de Nossa Senhora da Conceição em Catas Altas. Servas se instalou em São Domingos do Prata onde criou um ateliê e trabalhou até falecer, deixando muitas criações em toda a região.
Poucos sabem, mas como um dos mais importantes nomes do Barroco, Servas insere o Médio Piracicaba na rota das artes internacionais. Ele traz ainda um sentimento de pertencimento do ser mineiro, porque temos o mesmo rico passado cultural de outras grandes cidades mineiras. São as mesmas águas da história.
Por isso, é tão importante resgatarmos essa, dentre outras memórias. O presente pode ser muito melhor e o futuro também, se entendermos a força do passado. Sigamos em frente bebendo dessas fontes. Afinal, a cultura é um direito e reconhecer a sua necessidade é potencializar o que temos de mais precioso: nossa identidade.
(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação