Tomei conhecimento nesta semana, que a última quarta-feira (21), também é Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência (PCD). Segundo me informei, a data tem o objetivo de conscientizar sobre a importância da inclusão. 'Marcada no calendário brasileiro desde 2005 pelo decreto de lei nº 11.133, a data chama atenção para um momento de reflexão sobre acessibilidade e oportunidades para a pessoa com deficiência'.
Segundo dados do Censo 2010, último realizado no país, cerca de 46 milhões de pessoas vivem com algum tipo de deficiência. Para essa parcela da população, a palavra inclusão precisa ser praticada em seu sentido mais amplo, pois todos merecem o mesmo tratamento, o direito de ir e vir, estudar e trabalhar.'
A chamada Lei de Cotas, de 1991, impõe às empresas com mais de cem funcionários um quadro de efetivos de 2 a 5% de pessoas com deficiência,' o que impõe a elas o desafio de ser cada vez mais inclusivas.
Muito bonita a data e muito pertinente sua criação com apresentação de seus belos objetivos. No entanto, na prática, a teoria é outra. Com efeito, sou pai de um rapaz de 40 anos de idade, cadeirante, portador de deficiência, apenas um dos 46 milhões de deficientes existentes no Brasil.
Ele esteve por 15 anos no mercado de trabalho, entre serviços públicos e privados, é formado em Pedagogia e capacitado para várias funções. Mas após a sua dispensa do trabalho, em 2018, nunca mais conseguiu outra oportunidade.
A comemoração do Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, aliada à constatação de que meu filho entra hoje, no quadragésimo quinto mês de desemprego, mais uma vez, me põe a pensar: como uma pessoa trabalha por 15 anos e, de repente, demitida de seu emprego, encontra tanta dificuldade de reinserção no mercado de trabalho, apesar de se submeter a inúmeros processos seletivos?
O discurso é o mesmo: 'você tem possibilidades, mas minha empresa não dispõe de acessibilidade' ou 'não dispomos de um sanitário adequado para atendê-lo'... E por aí vai... Os argumentos se repetem, como um pedido de desculpas por não o contratarem, bem ao estilo rodriguiano de “Perdoa-me por me traíres”...
Afinal, será que meu filho desaprendeu as habilidades que praticou durante 15 anos? Será que não há uma empresa “nessas Monlevades, nessas Minas Gerais, ou nesses Brasis” de tantas possibilidades, que se disponha a acolher meu filho e outros tantos como ele? Até quando a sociedade celebrará o Dia da Luta? Não haverá um Dia da Vitória? O momento é pontual e precisamos refletir e buscar soluções para este tema tão importante para nossa sociedade.
(*) Geraldo Eustáquio Ferreira, o Dadinho, é professor e escritor