Após o 1º Turno das eleições foi possível traçar um panorama da representatividade feminina no cenário político. Houve avanços ou retrocessos? Em Minas Gerais, vimos um aumento significativo no número de deputadas eleitas. Dos 77 parlamentares, 15 são mulheres. Ainda somos minoria, contudo, esta é a maior bancada feminina da história na Assembleia Legislativa, representando 19,48% das cadeiras.
Nessas eleições, seis mulheres foram reeleitas e nove terão seu primeiro mandato. A meu ver, um avanço, tanto no número de cadeiras agora ocupadas por mulheres, como no fato de termos escolhido outras nove mulheres para exercerem o cargo. Isso demonstra mais confiabilidade na capacidade das mulheres fazerem política.
No cenário federal, a participação das mulheres também cresceu! Na Câmara dos Deputados, dentre os 513 eleitos, teremos 91 deputadas, total de 17,7% das cadeiras. Na eleição passada, com 77 deputadas eleitas, ocupávamos apenas 15% da casa legislativa federal.
Dentre as mulheres eleitas, duas são trans e três são indígenas. É importante ainda mencionar que uma das trans é mineira e uma das indígenas também! Duda Salabert, eleita com mais de 208 mil votos, e Célia Xakriabá, primeira deputada federal indígena por Minas, com mais de 100 mil votos!
No Senado, a nova legislatura terá um número menor de mulheres. Seremos apenas 10, contra 12 da legislatura anterior. Nessas eleições, apenas quatro mulheres foram eleitas para ocupar uma cadeira no Senado Federal, composto por 81 senadores.
Nos governos estaduais também houve um aumento. Em 2018, apenas uma mulher foi eleita para o governo estadual: Fátima Bezarra no Rio Grande do Norte. Já em 2022, teremos duas: Fátima foi reeleita e Raquel Lyra e Marilia Arraes disputam o 2º turno em Pernambuco.
Avançamos? Sim. Mas o que mudou? Ainda precisamos avançar mais. Como escrevi neste espaço, em artigo do dia 30 de setembro, nós representamos 52,65% do eleitorado nacional. Assim, os 19,48% na Assembleia Estadual, 17,7% na Federal e apenas 7,4% nos governos estaduais, ainda é muito pouco.
Segundo a organização global União Interparlamentar (UIP), mesmo com esses resultados, o Brasil ainda está longe da média mundial de participação feminina no Parlamento, que é de 26,4%. O baixo número de mulheres eleitas neste ano, mostra que precisamos reforçar as políticas afirmativas utilizadas. Apesar de mostrarem resultados, elas ainda são insuficientes.
É necessário investir mais na educação, na conscientização política e nas candidaturas femininas. Nós mulheres já demonstramos nossa capacidade intelectual, nossa força, dedicação e capacidade para ocuparmos os mais diversos espaços e funções. Por que não ocuparmos também os espaços políticos?
Estamos no caminho, que é longo, mas seguimos vencendo aos poucos. Devemos celebrar as vitórias e que todas as mulheres eleitas possam exercer seus mandatos sem violência de qualquer tipo, de forma tranquila, comprometida e justa!
(*) Elivânia Felícia Braz é advogada, vice-presidente da 75ª subseção da OAB/MG e presidente da AMA