Desde 1984
Márcio Passos
20 de Janeiro de 2023
Enchentes de Monlevade

A primeira vez que ouvi falar de enchente em João Monlevade foi no final da década de sessenta, mais precisamente no ano de 1969. Eu tinha dezoito anos e trabalhava na antiga Rádio Cultura. Fui fazer a cobertura da calamidade vivenciada pelos moradores de Carneirinhos, encontrei o prefeito Germin Loureiro chorando na porta de sua casa e me ofereci como voluntário, acompanhado pelo Álvaro Falcão, repórter do jornal Atualidades. 
Dez anos depois fui testemunha de uma segunda enchente com grandes prejuízos. De lá pra cá as enchentes passaram a ser frequentes e, no ano passado, foram várias.
Por que a situação piora ano a ano?
A maioria dos prefeitos após a canalização do rio sob a avenida Getúlio Vargas praticamente nada fez para limpar e desassorear o canal e nenhuma obra para corrigir o deságue nele em ângulo reto e que dimensiona as enchentes.
Além disso vários loteamentos foram autorizados, mesmo sabendo que eles agravariam a situação, como os últimos perto do Mart Minas, outro acima do bairro José de Alencar e mais um ao lado da avenida Gentil Bicalho.
Há solução, mas demanda muito dinheiro para fazer as correções necessárias e é preciso ter responsabilidade para avaliar os riscos das propostas de loteamentos.
E cabe também ao poder público iniciar ampla campanha de educação ambiental, começando pelas escolas. Ao cidadão monlevadense cabe o dever de se reeducar para o correto controle de seu lixo.
Se nada for feito, inclusive com participação da iniciativa privada, João Monlevade passará a ser reconhecida como a irresponsável cidade de muitas enchentes todos os anos, problema maior que a BR-381.

 

(*) Márcio Passos é jornalista e fundador do A Notícia 

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