Há coisa de duas semanas, acabei de ler a mais recente obra do escritor monlevadense Jairo Martins de Souza.
O Livro de Sofia, “uma história de amor entre as montanhas de Rio Piracicaba”, é, creio, em termos literários, a sua Obra Prima. Fiquei encantado com seu enredo e suas personagens!
Conheço as publicações anteriores desse incansável romancista, inclusive tendo o prazer de apresentá-lo à sociedade acadêmico-literária de João Monlevade, nos idos de 2008, quando travei conhecimento com sua pessoa, tornando-me, inclusive, seu admirador confesso e fraternal amigo.
Hoje constato, encantado e feliz, que o tempo e a distância não impediram que continuasse pulsando em seu coração o amor entranhado à terra natal, agora transubstanciado no retorno às suas origens familiares. Em O Livro de Sofia, Jairo Souza revisita as terras dos seus ancestrais e, mais que isso, resgata, em termos romanescos, uma de suas mais ricas tradições religiosas. A festa do Jubileu do Senhor Bom Jesus de Rio Piracicaba é evento, de que todos nós sabemos, carregado de fé e religiosidade, que atrai, entra ano, sai ano, milhares de turistas para a cidade. O relato de milagres, ingrediente básico das festas religiosas que a fé e devoção popular atribuem à intercessão de seus santos protetores, não falta nas páginas de O Livro de Sofia. Também o desfile de inúmeras personagens ficcionais, com seus gestos e ações, faz com que o leitor seja, capítulo após capítulo, magicamente posto em contato com a vida real do arraial de São Miguel nos tempos do Brasil imperial.
Igualmente, e para além da tessitura da história da paixão entre os protagonistas Sofia e Drago, o leitor testemunha a saga do herói em suas andanças por esses Brasis, viajando de Rio Piracicaba a Mariana, de Mariana ao Rio de Janeiro e do Rio de Janeiro para os braços da amada, para realizar o seu sonho de amor, numa reconstrução de itinerário que lembra, nos dias de hoje, a valorização da Estrada Real, desde sempre fonte de pesquisa e conhecimento para muitos estudiosos de nosso tempo.
Fica-me, a partir da leitura de O Livro de Sofia, a certeza e a convicção de estar diante de um refinado e consumado ficcionista que, de seu posto de observação de narrador onisciente, dialoga constantemente com o leitor, não deixando que o mesmo perca o fio condutor de sua trama e, mais que isso, vai desenredando lances da história que lhe ficaram despercebidos ao longo da narrativa.
O Livro de Sofia é um ícone representativo da história e da cultura do município de Rio Piracicaba e, como tal, deve ser cultuado.
(*) Geraldo Eustáquio Ferreira, conhecido como professor Dadinho