Historicamente, o iluminismo foi o movimento que surgiu em contraponto à Idade Média, também considerada a idade das trevas. Surgiu para iluminar as trevas da ignorância perpetuada pela estrutura de poder da época.
Os iluministas tem o dom de iluminar o mundo com seu conhecimento e de levar a humanidade à frente. Monlevade teve um iluminista, que foi o fundador Jean Felix Dissandes de Monlevad. Com sua visão, seu conhecimento e uma coragem indomável, foi fundamental para a industrialização do Brasil.
A alma iluminista está no ar. Só precisa ser invocada. Está em várias pessoas e vários projetos que podem levar a cidade a outro patamar. Mas não se pode desprezar o poder das forças do atraso. Na mesma medida que existem mentes progressistas, que almejam iluminar o futuro, tem aqueles que puxam pra baixo, que não acreditam na necessidade de cuidar do meio ambiente, não veem valor na arte da cultura, a não ser na cultura sertaneja, como se a cidade tivesse vocação agropecuária.
Eu vejo por exemplo, desde muitos anos, o esforço em transformar uma área degradada em paraíso, como é o caso do Areão. Puxa vida. Será um complexo de lazer, de cultura ambiental, local de respiro, só atividades humanas, além de somar na luta para se diminuir a vazão de água nas enchentes. Como alguém pode ser contra?
Mas, infelizmente, faz parte. Qualquer coisa que se pense em fazer, vai ter gente contra, pronta para sabotar. Por isso, faz-se urgente a institucionalização do Areão pra proteger a área de qualquer problema futuro. As forças do atraso agiram e paralisaram as obras sempre que um dos grupos políticos da cidade assumiu. Sua transformação em Fundação vai criar dificuldades para que os inimigos do meio ambiente possam agir e (re)degradar o local.
Além do Areão, tem algumas ações que considero fundamentais para iluminar o futuro da cidade de João Monlevade: 1) Estudo hídrico do regime de chuvas, do caminho das águas e medidas para amenizar as enchentes. É algo que precisa ser feito urgentemente. Houve algumas oficinas, mas não foi divulgado um plano para lidar com o problema; 2) Construção de um teatro e galeria de exposições artísticas - Monlevade não tem um local para grandes espetáculos, como tem em São Gonçalo, por exemplo. Infelizmente, o museu do aço foi praticamente descartado... 3) Valorização do Distrito Industrial para atrair novas atividades econômicas e diversificando o leque de empresas. 4) Melhoria da oferta de transporte público de qualidade - as empresas ora contratadas oferecem um serviço bem ruim. 5) Inteligência artificial no trânsito - criar um sistema de IA para gerenciar o tráfego. 6) Interagir com as universidades e escolas, gerando um fluxo de conhecimentos compartilhados e soluções inteligentes para os principais problemas. 7) Recuperar e reestruturar a Escola Santana, transformando-a num espaço útil para a sociedade, quem sabe um centro de inteligência e memória. 8) Reestruturar o centro da cidade - com fechamento de ruas, retiradas dos fios suspensos de energia e telefonia, criação de espaços de convivência, mais paisagismo - transformando Monlevade numa cidade Shopping. É pedir demais? Por que não sonhar? Por que não almejar? Almejemos...
(*) Marcos Martino é alvinopolense, compositor e ativista cultural