Lancei nesta semana, a música 'FÉ' criada em parceria com o grande guitarrista, meu amigo Guilherme Fonseca. E ganhamos de presente um clipe produzido pelo também parceiro videomaker Mário Rocha. O clipe e a música falam de uma fé universal, não exatamente de louvor ou gospel. A música propõe uma reflexão sobre a FÉ.
Não é a fé carimbada, privatizada por uma religião ou outra, mas a fé no dom, nos talentos que temos (ou que recebemos?) para sobreviver no planeta. Verdade seja dita: o ser humano acredita em algo transcendente desde sempre. No início, deificava o sol, a lua, o mar, tudo o que tivesse poder. Algumas civilizações, como a indiana por exemplo, erigiram uma religião que sacraliza tudo ao redor.
O Catolicismo, por sua vez, tem seus santos. Há quem faça novena para Santo Antônio (casamenteiro), para São Judas Tadeu (das causas impossíveis), Santa Lúcia, Nossa Senhora de Fátima, da Graças, de Lourdes, Santa Rita de Cássia, São Pedro... Cada religião tem seus totens, seus espelhos para canalizar a fé dos fiéis. Não me perguntem qual o caminho certo, pois também não sei. Mas que a danada da fé costuma remover montanhas, construir muralhas e templos, disso não tenho dúvidas.
E por mais que haja críticas, não podemos negar também que as interdições a partir das religiões tiveram seus efeitos sociológicos e civilizacionais que nos permitem a mínima convivência e a pacificação, mesmo com todas as guerras religiosas da história. Mas os ateus perguntam: será que a gente precisa acreditar em alguma coisa mesmo? Ah... eu acho que até os ateus têm fé. Às vezes, fé no seu time, no seu político de estimação, em sua banda favorita.
E precisa ter fé no próprio taco, sem ajuda extra, pois não acredita na providência, só na previdência. Já quem se conecta com o sobrenatural, conta com uma ajuda que, mesmo que apenas abstrata (o gato no quarto escuro da metafísica) serve como espelho e depositário de gratidão. E a gratidão é uma sensação incrível, quase um nirvana, uma sensação de grande alívio e humildade.
A vantagem do ateu é não temer a punição, podendo assim agir fora do que se convenciona como comportamento socialmente benéfico. De qualquer forma, se o sujeito não tem propósitos, se não acredita em algo que valha à pena, a chance de uma depressão baixar é enorme. Não tenham dúvidas, meus camaradas. Fé cega conduz ao precipício.
Tim Tones e outros malucos carismáticos podem conduzir ao suicídio, como um líder malévolo pode levar as pessoas a acreditarem que exterminar os discordantes é justificável. Por isso, a gente tem de tomar cuidado. Precisamos de filtros até para a fé. Corremos o risco de seguirmos pastores diabólicos que nos guiem exatamente para onde não queremos ir. De qualquer forma, pretendo seguir com fé... que para mim... é como diz a letra da música é 'ACREDITAR NA LUZ QUE EXISTE EM CADA OLHAR ...' Ouça a música e veja o clipe acessando o link. https://youtu.be/iGm1wo3Gx-M
(*) Marcos Martino é alvinopolense, ativista cultural e compositor
