Sou um democrata convicto. De maneira alguma, concordo com qualquer tipo de ditadura ou golpe. Onde tiver esse tipo de pensamento, com certeza, estarei do outro lado. Por isso, já falei e reafirmo: contra Bolsonaro eu votaria em qualquer um. Primeiro porque falou em golpe desde o início do governo. Depois pelo comportamento na Covid, quanto não teve a sensibilidade com a vida humana e o considero culpado por milhares de mortes.
Terceiro, por causa da insistência em armar a população, pelo ódio que inoculou no dia-a-dia dos brasileiros, por acusar os outros de corruptos, enquanto se fez nas rachadinhas junto com os filhos e, por fim, tentou contrabandear joias de R$16 milhões. Agora, é investigado até por falsificação de cartão de vacina e passaporte.
Ele tem também o ódio que ele e companheiros tem da arte e dos artistas. Mas tem coisas da direita que eu gosto. Amo o Brasil, nossos símbolos, em certa medida sou patriota. Tenho imenso respeito pelo povo do interior do país, que é bem conservador e tradicional. Mas não chamo Bolsonaro e sua turma de direita. Nem de extrema direita. São marginais mesmo, bandidos. E, para mim, Bolsonaro foi o pior presidente que tivemos e dificilmente será superado.
Agora, o Lula entrou porque o povo pobre, os negros, os excluídos que são maioria, não tinham espaço no governo anterior, muito mais comprometido com a elite e com os patrões. Tenho também um bocado de críticas a coisas que não gosto. Mas vou torcer demais para o Lula 3 dar certo e melhorar a vida de todos. Eu torci também quando o Bolsonaro entrou.
Fato é que não torço contra o Brasil, ao contrário dos extremistas, que não só torcem contra, como vão às vias de fato e são capazes de atrocidades por causa dos seus mestres. Para mim, mestre é só aquele lá de cima, que está vendo tudo e que nos deu o sopro da vida. Vamos honrá-lo, praticando o amor. E para finalizar, devo dizer que dias atrás publiquei neste espaço, um texto dizendo que sou centrão, pois não aguento passar pano para os erros e loucuras de alguns políticos e que não gosto dos extremos. Não me curvo a essa lógica de jeito nenhum.
Se você tem lado, não pode criticar e tem de aceitar tudo que os chefes da tribo dizem, sinto muito. Mas não está em mim esse negócio de alinhamento automático. Eu sei, algumas pessoas me chamaram de isentão. Não tem problema, pouco me importa. O centro político é praticamente inexistente no Brasil. Vamos ter de inventá-lo...
(*) Marco Martino é alvinopolense, ativista cultural e compositor