Nos últimos dois anos, João Monlevade instituiu a Agenda de Desenvolvimento Local - Agenda DEL - um plano de metas para a cidade, capitaneada pelo Sebrae/Acimon, resultante da mobilização de diversos atores sociais: empresários, universidades, poder público municipal, entidades de classe, com o propósito de desenhar de forma colaborativa futuros desejáveis pela transformação do presente. Um latente movimento de Empreendedorismo social. Uma Agenda Viva!
Um dos desafios que se colocam é a expansão do Capital Empreendedor como premissa para a construção de um ecossistema inovador gerador de riqueza, oportunidades, equidade, segurança e sustentabilidade. Daí temos a necessidade e oportunidade de fomentar um projeto de Educação que permita que a maior parte de seu capital humano desenvolva o seu potencial empreendedor. Mas, afinal o que é Empreendedorismo? Uma resposta imediata e reducionista nos diria que se trata de “por em execução, fazer, realizar, criar novos negócios, montar empresas, identificar oportunidades e transformar em um negócio lucrativo”.
Porém, para além de criação de novos produtos e serviços, temos o Empreendedorismo social, o Empreendedorismo corporativo, digital, entre outras classificações. O que significa que empreender é esse propósito que gera o impulso que nos move para uma ação transformadora das condições que se colocam no presente.
À primeira vista, Empreendedorismo e Educação são tidos como dimensões distintas: de um lado plano de negócios, investimentos, lucros. De outro, escolas, currículos e avaliações... Mas empreender não se limita ao campo dos negócios, tão pouco concorre com o que se ensina na escola, ou desconsidera o contexto no qual se dá a relação ensino-aprendizagem. Muito menos, se nasce empreendedor. Habilidades empreendedoras são construídas.
Com um olhar mais atento e alinhado com as intensas e complexas transformações no mundo do trabalho, nos é possível reconhecer que um programa de educação empreendedora favorece o desenvolvimento de habilidades e competências previstas na Base Nacional Comum (BNC), sendo uma recomendação da Unesco para a Educação do Séc. XXI como forma de atingir os seguintes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: erradicação da pobreza; saúde e bem-estar; educação de qualidade; indústria inovação; redução das desigualdades; cidades e comunidades sustentáveis.
Afinal, como a Educação Empreendedora concorre para tal? A criação e a proposição nas escolas de projetos e soluções para problemas complexos (vale adotar como metodologias educacionais as abordagens inovadoras de gestão), uma prática do empreendedorismo, é importante nos processos de aprendizagem de crianças e jovens ao proporcionar a eles, a chance de reconhecerem seu potencial de transformação e geração de impacto social positivo. Isso pode impactar na melhoria das relações afetivas, na segurança psicológica, na redução de evasão escolar, na melhoria da proficiência das diversas ciências e campos de saber, em especial, na ampliação da expectativa de futuro de nossos jovens.
Projetos de empreendedorismo desenvolvem competências socioemocionais que melhoram a aprendizagem cognitiva: criatividade, resiliência, protagonismo, responsabilidade, tomada de decisão, assumir riscos calculados, empatia, propósito e liderança, que são essenciais para a vida. Concorrem, ainda, para o desenvolvimento econômico ao habilitar e estimular jovens para reconhecer novas oportunidades de negócio e protagonismo, e por consequência redução das taxas de desemprego e baixa renda.
É preciso pensar: aonde nos encontramos? Partindo do reconhecimento pelo grupo de trabalho da Agenda Del de que a Educação Empreendedora conecta a escola aos desafios contemporâneos, estimulando o desenvolvimento das competências essenciais para a vida, a Secretaria Municipal de Educação em parceria com o Sebrae, instituiu a Educação Empreendedora no ensino fundamental em Monlevade. O projeto foi iniciado em 2022 com os trabalhos de qualificação dos professores e mobilização da comunidade escolar. A etapa seguinte é implantar o Empreendedorismo e suas dimensões nas escolas.
Vale dizer que essa jornada não deve se limitar somente a este segmento. O desafio que se coloca é o de difundir a prática empreendedora para todo o segmento escolar e os seus diversos níveis, como nos demais espaços privilegiados de aprendizagem para a transformação de nossa cidade em um ecosssitema de inovação gerador de oportunidades, renda e riqueza e qualidade de vida. Assim, o consenso é de que não é possível uma Educação que dará conta de responder aos desafios contemporâneos sem que se contemple a formação empreendedora da geração atual.
(*) Yolanda Carla Lima Coelho é professora e diretora da Rede de Ensino Doctum Monlevade