Não entendam como crítica a nenhum dos espectros políticos... mas ao mesmo tempo a todos. Se você for de direita, esquerda, centro, dentro, tudo bem! A decisão e a escolha são suas... Vamos tomar uma cerveja e rir da vida. São modos de pensar diferentes e complementares, o que é bem saudável, aliás.
Eu, cruzeirense fiel e apaixonado, sento-me e converso até com atleticanos! Não faria isso com pessoas de partidos diferentes? Mas tem questões me chamando a atenção. Até um tempo atrás, por exemplo, dava para conviver com os contrários, era possível divergir em paz, por assim dizer. Mas de uns tempos para cá, parece que tivemos um vírus bem pior que o a da Covid, o vírus do ódio recreativo.
Ele funciona como se odiar fosse algo desejável, que gera adrenalina. Alguns chegam a achar que são mais machos, têm mais testosterona que os outros. Uma revolução zumbi tomou conta do país... e do planeta também. Passou a ser normal afrontar, xingar por nada. Almoço de domingo virou um inferno. E as seitas elegem seus santos e seus demônios. Vão fazendo rodízios dos vilões da semana. Qual será o Judas da vez?
Os santos não têm pecados, mesmo tendo crimes comprovados, acabam perdoados pela horda amiga. Já os capetas, marcados pelos gabinetes do ódio, precisam ser odiados do fundo do coração endurecido. Eu é que não vou jamais prescindir dos meus lados direito ou esquerdo. Parece ser um sistema que se autoalimenta e que pode perdurar por uma ou mais gerações. O modo de ser da internet, das big techs, favorece essa eterna guerra santa (santa ignorância)...ou vocês acham que os conteúdos dos dois lados não alimentam o Facebook, o zap e consequentemente os algoritmos e até a (socorro!) Inteligência Artificial.
As pessoas se submetem a uma espécie de AVC voluntário. Abdicam das partes direita e esquerda de suas psiques equivocadas. Cruzes. Todo extremismo é burro. Prefiro o equilíbrio, a moderação. Tudo que é extremo e radical é inflexível. E a vida não é assim, é cheia de bons e maus momentos, altos e baixos, curvas e retas na caminhada. Nos extremos, a ignorância prospeta e faz piquenique com a violência.
(*) Marcos Martino é alvinopolense, ativista cultural e compositor