João Monlevade possui uma das plantas siderúrgicas mais importantes do mundo: a Usina da ArcelorMittal Brasil que está recebendo investimentos bilionários para ampliar a sua capacidade de produção. Aqui, são fabricados aços inteligentes, com a qualidade que atrai clientes internacionais. E é por isso que a cidade merece um grande monumento, uma obra de arte portentosa, na entrada da cidade, para mostrar a todos que somos a capital mundial do fio máquina.
Um dos trevos junto à BR-381 seria ideal para mostrar aos milhares que trafegam diariamente pela rodovia, que Monlevade não é apenas um dos berços da siderurgia brasileira. É onde se fabrica o aço que está em 80% dos pneus nacionais, nos componentes de suspensão e embreagem dos veículos, nos colchões de molas e até na esponja de lavar vasilha. O aço daqui é de mil e uma utilidades e o mundo precisa saber disso.
Sem contar que o fio máquina, elevado, exposto, promovido como representação artística, revelaria toda a versatilidade do aço que aqui se produz. Além disso, seria não só a porta de entrada do município. Mas a porta de entrada do próprio Vale do Aço, que se avizinha 100 km adiante pela BR-381.
Imagine uma escultura gigante em fio máquina, pioneira, ousada, atemporal. Assim como João Monlevade é em vários sentidos. Desde a chegada do francês Jean Antoine Félix Dissandes de Monlevade, propulsor da siderurgia nacional e que fabricou importantes ferramentas para a mineração na sua poderosa Fábrica de Ferro. É gigante porque o belga Gaston Barbanson escolheu comprar as terras de Monlevade, falecido décadas antes, enxergando potencialidades para a Arbed. É realizadora com a força do luxemburguês Louis Ensch, que construiu a Belgo Mineira e a cidade a reboque. O passado está mais presente do que se pensa.
E pensando justamente nesses três gigantes, uma obra de arte ao nível deles seria um reconhecimento a essa memória desbravadora. Além disso, também uma homenagem às milhares de pessoas que construíram e constroem esse legado: desde os centenários negros escravizados que forjaram o aço no Solar Monlevade, passando pelos operários imigrantes do Brasil e do mundo que aqui chegaram há 88 anos para construir o progresso, até os empregados de hoje, e os que virão amanhã.
No trevo de Monlevade, uma obra de arte em fio máquina, soleniza e consagra a nossa identidade pioneira: o aço nobre, versátil, que se adapta, após ser forjado a altas temperaturas, inquebrável. Fruto da mistura típica do Brasil: africana, europeia, brasileira. Um monumento de aço exaltando o mundo que veio para cá e que leva Monlevade para o mundo. O aço, filho da transformação do ferro de Andrade é resistente e flexível. Assim somos de Monlevade. Cidade que merece e precisa “do brilho mágico e a força dos símbolos”, citando o poeta Claudio Manoel da Costa. Passou da hora de termos aqui um elemento tão importante para a nossa cultura e memória.
(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação