“A política é a arte do diálogo e de trocar negociações”. A afirmação é do cientista político Murilo Medeiros e eu uso para abrir este texto sobre um tema importante: a relação entre o governo municipal, sociedade, entidades, vereadores e instituições. A comunicação é um dos elementos fundamentais para a prática política. E é justamente o diálogo com diferentes frentes que faz dela uma ferramenta essencial de transformação da sociedade. Governa bem aquele que conversa com todos.
Afinal, sem o diálogo, não há democracia. E quem não está disposto a interagir, trocar ideias e sobretudo, mais que tudo, ouvir o que o outro tem a dizer, não serve para a vida pública.
Recentemente, o governo do prefeito Laércio vem enfrentando alguns do seus maiores problemas até agora: a relação com a Câmara. Mas essas pautas poderiam ser resolvidas com mais diálogo com os vereadores. A gestão precisa ser mais articulada nesse sentido. Tanto que a pauta de votação, como há anos não se via, quase “ficou travada” por ações e reações provocadas pela conturbada relação dos vereadores com a presidente da Fundação Casa de Cultura, Nadja Lírio.
Outro problema é sobre o transporte público e adequações das linhas do rota escolar, que abriu espaço para a oposição se fortalecer. Talvez a situação fosse resolvida com mais conversa com os usuários do sistema, os pais e as escolas. Agora, o governo busca minimizar os impactos e segue o jogo, recuperando.
Esse papel de conversar e interagir com os vários segmentos, há anos, ficou a cargo do assessor de Governo. Porém, os tempos e as demandas mudaram. E a falta de um articulador da gestão não é só aqui em Monlevade. Várias Prefeituras vivem esse desafio. O Governo Federal conta com a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. A pasta assiste a gestão na articulação política e no relacionamento interinstitucional do governo federal.
Os municípios também precisam de um setor nessa função de facilitar a interlocução entre os governos e os vários setores, políticos, privados e instituições. O diálogo fortalece instituições. E instituições fortalecidas melhoram a vida do povo.
A busca por parcerias, a interação permanente e aberta, unindo o Poder Público ao empresariado, à sociedade civil, ao Legislativo e Judiciário, por exemplo, ampliam o alcance da gestão em prol do pleno exercício da cidadania. Como disse o filósofo francês, Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), a prática política é o exercício da vontade geral. Dessa forma, governar é governar para todos.
Em todos os municípios, o partido político deveria ser a cidade. Buraco na rua, fila em posto, problema no transporte escolar, não tem lado. É problema de todos, da situação e da oposição. E essas questões podem ser resolvidas quando há mais negociação, diálogo, abertura e transparência. Governar bem é conversar com o máximo de segmentos para garantir que a decisão soberana do povo, ao eleger os representantes, seja consagrada com bem-estar geral da população.
(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação