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Erivelton Braz
13 de Outubro de 2023
“Horrível, desumano e inaceitável”

Assim classifica Mariam Said, viúva do célebre pensador palestino Edward Said (falecido em 2003), a respeito da violência e ataques entre o Hamas e Israel: 'É horrível, desumano e inaceitável. Os palestinos são humanos e têm que ser tratados como tal. Não importa a razão. Estão bombardeando civis. Isso não seria aceitável em nenhum outro lugar - apenas na Palestina', afirmou ela, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. 
O conflito milenar entre Palestinos e Israelenses ganhou contornos mais duros, classificado por especialistas, como um dos maiores ataques da história recente. Os conflitos se iniciaram no último sábado (7), quando os extremistas do Hamas sequestraram pessoas, bombardearam e invadiram Israel, que revidou, explodindo a faixa de Gaza, também matando e ferindo milhares de palestinos. 
Não vou falar do que não entendo em relação ao conflito no Oriente Médio. Mas em sua obra, o pensador Edward Said mergulha na relação que existe entre a desumanização e a violência. Segundo ele, “os palestinos são vítimas de vítimas e precisamos ao menos reconhecer isso”. Said definiu o conceito de “desumanização como arma política”. O pensamento do ensaísta palestino fica mais claro, conforme o advogado e professor de direito internacional e direitos humanos, Thiago Amparo. Ele escreve na Folha de São Paulo sobre direitos e discriminação. 
Em sua última coluna nesta semana, Amparo afirmou: “enquanto o Hamas desumaniza civis israelenses atacando-os de maneira indiscriminada, o premiê de extrema direita Netanyahu, ‘ao estabelecer um governo de anexação e desapropriação’, como definiu o jornal israelense Haaretz, priva palestinos de qualquer possibilidade de sair da prisão a céu aberto a que foram jogados, dá munição para a expansão territorial ilegal de Israel e fortalece ao invés de minar os mais radicais”. 
O que podemos entender é que é exatamente isso o que está acontecendo. Não importam os motivos da guerra, a paz deveria ser a prioridade e o mais importante. O momento é de solidarizarmo-nos com as vítimas civis de ambos os lados: tanto de Israel, quanto da Palestina. Escolher um lado entre os dois, que não o da paz, não é uma posição meramente inocente ou ideológica: é ficar do lado da barbárie. A hora é de criticar e unir forças tanto o regime separatista e violento, imposto por Israel aos palestinos, quanto o regime de terror e intolerância, imposto pelo Hamas.
O intolerável conflito, tão complexo e difícil de solução, é tratado no Brasil, sobretudo no “campo minado” das redes sociais, com a profundidade de quem opina jogo de futebol. Ainda mais a partir da polarização política, misturada a fundamentalismo religioso e posições extremas. Foi assim que soltaram os profetas da intolerância e os cães danados do fascismo.
Entre um e outro lado, eu fico com o pensador Edward Said. Segundo sua viúva Mariam Said, o intelectual queria que o conflito entre a Palestina e Israel fosse solucionado “de uma maneira humana”. Ele acreditava na necessidade de as partes se sentarem para negociarem em pé de igualdade. “Os moradores da Faixa de Gaza são como qualquer outra pessoa no mundo: têm sentimentos, famílias, vidas. Estão pagando o preço por esse conflito. O mundo aceita os ataques por não ver palestinos como humanos”, diz Mariam Said. Lamentável tudo isso... Paz na terra aos homens de boa vontade.

 

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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