Muito já se escreveu sobre “Tim”, também conhecido como professor Nilton de Souza. Falecido prematuramente em 31 de dezembro de 1992 (infarto), o grande “Tim-Mirim”, que se permitiu ser conhecido por tantos outros nomes, não precisava ter ido tão cedo – contava apenas 56 anos de idade. Estou dentre os que escreveram sobre o professor. A seu respeito já fiz exposições e até palestras. Ousadia pura!
É sabido que se “Fausto” ainda estivesse entre nós, teria feito aniversário em 11 de outubro. E não é segredo a enorme contribuição do “Marco Aurélio” para com a história e a arte de nossa cidade – onde o folclore merece destaque.
É do Tim, por exemplo, toda pesquisa – e o levantamento do material físico – que nos remete à forja catalã e suas ramificações que compõem o museu ao redor da Fazenda Solar – que nos conduz ao início de tudo. Completado com a importante narrativa: “História de Monlevade” e consistente palestra, que nos ajudou a conhecer muito mais sobre nosso pioneiro Jean Antonie Félix Dissandes de Monlevade.
O professor Nilton de Souza criou no final da década de 1970, o Grêmio de Estudos Literários de João Monlevade. Eu estava lá. Apesar de tanto tempo passado, percebemos que algumas sementes germinam até hoje. Como eu, muitos ainda estão por aí “fazendo das suas”, para orgulho (ou desespero) do mestre. E, as vezes fica difícil lembrar de sua garra a nos conduzir ao lançamento de duas antologias – Poetas e Prosadores de João Monlevade (1978/81) – tímidas, é claro, pois mimeografadas e não sermos capazes de repetir o feito, principalmente, diante de tanto avanço tecnológico. Ele insistiu na ideia de reunir quem já escrevia na época – e nunca tinha tido a oportunidade de se ver em livro – ao lado daqueles (as) que começavam. E assim foi feito.
“Fausto”, “Marco Aurélio”, “Tim”, “Tim-Mirim” é o mesmo “Heleno” que criou o irreverente “Vestibular com São Pedro é só depois do CEM”, único livro – também mimeografado – lançado pelo professor Nilton de Souza. Isso aconteceu em agosto de 1980 e nós, do Grêmio de Estudos Literários (GEL), estávamos lá.
Muito ainda se vai (e se deve) escrever sobre o Mestre, mas encerro aqui com a lembrança da página 2, da edição de número 458, de 08 a 14 de janeiro de 1993, do Jornal A Notícia – onde “habitavam” craques como João Carlos Guimarães, Marcelo Melo, Dôra Pesce, Ivan Passos, dentre outros (sempre com a imprescindível charge do Gilson) – que dividiam com Tim aquele autêntico “ninho de mafagafos”; Chico Franco, que também “residia” ali, escreveu, emocionado a frase definitiva que traduz o sentimento de todos nós sobre o amigo: “o Tim não perdeu a vida. Nossas vidas é que perderam o Tim”.
(*) Franciso de Paula Santos é membro GEL ativista cultural e pesquisador.