João Monlevade, uma cidade em constante expansão, enfrenta problemas críticos de crescimento desordenado. É preocupante observar como são autorizados empreendimentos sem considerar a infraestrutura necessária, especialmente a criação de vagas de estacionamento nos próprios imóveis e a falta de reservas de vagas para pessoas com deficiência (PCDs).
Recentemente, vivenciei de perto as consequências desse problema quando um amigo cadeirante teve dificuldades para estacionar perto do cinema. Fui obrigado a segurar uma vaga, apelando aos outros motoristas para cederem espaço a ele. Essa situação, infelizmente, é apenas um exemplo que nos remete ao caos que se instalou em outro local da cidade em constante expansão: a avenida Castelo Branco, no bairro República, onde novos empreendimentos surgem sem um planejamento adequado, resultando na impossibilidade de encontrar vagas especialmente entre 19h e 23h, praticamente em todos os dias da semana.
Não é meu objetivo demonizar os empreendimentos, que são fundamentais para o desenvolvimento local. No entanto, é inaceitável que a gestão pública negligencie a necessidade de um crescimento mais sustentável. Esse problema não se limita apenas ao bairro República; afeta áreas como no bairro Cruzeiro Celeste, na avenida Gentil Bicalho e nos loteamentos que combinam unidades habitacionais e comerciais, gerando tumulto, lixo, poluição e barulho, numa abordagem de urbanização ultrapassada.
É crucial destacar que existe um movimento global que debate a necessidade de readequação de espaços urbanos, visando a revitalização para as pessoas, não apenas para os carros. Isso inclui a necessidade de acessibilidade e a ampliação da oferta de transporte público. Infelizmente, na Castelo Branco, o transporte público mal atende às demandas nos horários de maior movimento.
João Monlevade parece estar na contramão desse movimento global. O crescimento é necessário, mas deve ser planejado. É urgente que a cidade repense suas políticas urbanas, priorizando um desenvolvimento que atenda às necessidades da população, promovendo acessibilidade, mobilidade sustentável e preservação do ambiente urbano. É hora de buscar soluções eficazes e construir uma cidade que cresça com qualidade de vida para todos.
(*) Breno Eustáquio da Silva é professor universitário, doutor em Educação