Desde 1984
Renata Cely Frias
11 de Setembro de 2020
Tempo de mudança
A sociedade clama por mudanças na política e na gestão das cidades. Não é de hoje que cidadãos se sentem inconformados com os rumos que a política tem tomado. São muitas as reclamações, principalmente, nas redes sociais. No entanto, a maioria se esquece que a mudança tão almejada está nas mãos do próprio cidadão, através do voto consciente.

A Justiça até tem feito a sua parte, com o afastamento de políticos envolvidos em esquemas de corrupção, como ocorreu recentemente com o governador do Rio de Janeiro. Mas a melhor e mais importante forma de provocar as mudanças tão sonhadas é pelo voto. Por isso, o eleitor tem fundamental papel neste processo.

Apesar do exercício periódico da soberania popular pelo sufrágio universal e o voto direto e secreto para a escolha de seus representantes, o cidadão, em geral, desconhece as atividades partidárias e revela a descrença quanto à satisfação dos fundamentos da República consagrados pela Constituição. Por isso, é preciso que cada um de nós participe, compreendendo melhor o processo democrático e ocupe o seu protagonismo. Afinal, sem eleitor, não existe eleição.

Mas o que vem a ser o voto consciente? O voto consciente é feito com a consciência de que foi uma escolha adequada. Ele é decidido a partir de informações verdadeiras. Por isso, há uma grande luta da Justiça Eleitoral contra os boatos, as mentiras chamadas fake news e a desinformação que só contribui para a política do mal. E não há nada melhor que a verdade para combater isso.

Além disso, o voto consciente é desapegado, isso é, deve vir sem interesses pessoais. Não se pode eleger um prefeito ou um vereador pensando apenas nas benesses individuais. O que muita gente deixa de lado, que é o principal, é que ocupantes de cargos eletivos foram escolhidos para governar para todos. E não apenas para um grupo. Essa é a verdadeira política do bem. Por isso, para que o voto consciente aconteça, o eleitor deve conhecer os cargos que os candidatos estão disputando; deve conhecer também sua forma de pensar, através dos partidos e coligações.

Enquanto o eleitor brasileiro não assumir o seu protagonismo no processo eleitoral, a mudança não virá. A sociedade foge do debate político como se esse fosse algo sujo ou pior, mas continua reclamando de suas condições. Falam de “politicagem”, como se a política fosse prática de pessoas ruins. Mas, se é assim, é exatamente porque o “cidadão de bem” não quer se envolver no debate político. Ele deixa para os outros decidirem por ele. Ocorre que, até o afastamento do cidadão da política, é um ato político.

O imortal escritor Machado de Assis, em passagem do clássico romance “Quincas Borba”, escreveu: “Contados os males e os bens da política, os bens ainda são superiores”. Em texto memorável a respeito do sufrágio, o também escritor imortal, José de Alencar, nos diz que “o voto não é, como pretendem muitos, um direito político, é mais do que isso, é uma fração da soberania nacional; é o cidadão”. Vote consciente!

(*) Renata Cely Frias é advogada em João Monlevade e região e especialista em Direito Previdenciário - OAB/MG 79846- [email protected]
JORNAL IMPRESSO