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Eduardo José Quaresma
16 de Outubro de 2020
Monlevade, cidade criativa. Por que não?

Um novo tema vem sendo discutido já há algum tempo: cidades criativas. Trata-se de iniciativas que transformam o cenário urbano, tornando-o melhor para todos. E é importante que o cidadão conheça essas ações. De forma genérica, a cidade criativa é aquela capaz de comportar certa desordem e irregularidades, mas, no entanto, renova seus padrões e inventa outras práticas de convivência. 

Charles Landry, no seu trabalho Cidades criativas: um kit de ferramentas para inovadores urbanos; afirma que quando o mundo está mudando drasticamente, precisamos repensar o papel das cidades e de seus recursos e como o planejamento funciona. Então, muitas discussões sobre a teoria das cidades criativas vêm provocando os debates urbanísticos do mundo todo. 

Cidades Criativas são espaços urbanos onde a articulação eficiente entre atividades sociais e artísticas, industriais, culturais e o governo foram capazes de produzir uma movimentação cultural que desenvolve, atrai e retém talentos. Essas cidades promovem a diversidade social, aumentam a oferta de empregos, geram maior conhecimento entre cidadãos e aumentam o potencial criativo de empresas e instituições. Além disso, atraem mais turistas e, assim, contribuir, significativamente, para a economia da cidade e a qualidade de vida de seus cidadãos.

Os projetos devem sempre ser amplamente estudados e devem obedecer e observar as particularidades locais. Existem três características para as cidades que querem se tornar criativas, independentemente de história ou situação econômica: as inovações, cultura e as conexões entre público e privado, entre local e global formam o tripé de uma cidade na qual a criatividade é vista como fator diferencial. O Brasil, em um momento de pandemia e mudanças, pode usar a identidade de cada cidade, aproveitando o potencial de cada pessoa em estratégias criativas. 

Em João Monlevade, como podemos tornar nossa cidade criativa? Isto interessa e influencia a todos. Assim, esta proposta pode e precisa ser administrada em diversos formatos e métodos integrados e cooperativos, com as participações do setor público, privado e sociedade civil. E ainda incluir a inovações dentro da cidade e se utilizar os dados levantados. Já foi tentado pela Associação Comercial, Governo, Câmara, mas se faz necessário aproveitar a existência do Conselho de Desenvolvimento que tem um trabalho muito interessante nesta área.

“Toda a cidade tem potencial, embora nem todas sejam criativas”, diz o arquiteto Jaime Lerner. Assim a cidade pode mapear, exemplos de sucesso em lugares de desigualdade social. Criar por exemplo, Parque Tecnológico, um conjunto de empresas que geram emprego e renda. Incrementar as incubadoras de empresas, aceleradoras de negócios, institutos de pesquisa, representações governamentais e envolver as Universidades com projetos de extensão e pesquisa. Junto ao Sistema Senai desenvolver projetos de capacitação para jovens e profissionais destas empresas localizadas no Parque Tecnológico e fornecer ferramentas para promover a inclusão social da comunidade.

O mundo de hoje é conectado e globalizado, as estratégias para conhecer a identidade e a resiliência das cidades são urgentes. Nossa cidade precisa ser devidamente estudada e planejada trazendo qualidade de vida, trabalho, inclusão social, e bem-estar. Após este período de pandemia, vamos retornando aos poucos para o convívio com muitas experiências e vivencias cotidianas. Com o envolvimento de todos podemos transformar João Monlevade em uma cidade melhor e inspiradora. Por que não acreditar na nossa potência e nossa João Monlevade se transformar em cidade criativa? No próximo texto, vamos falar sobre as experiências de cidades criativas no Brasil e no mundo.


(*) Eduardo José Quaresma é engenheiro civil e professor

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