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Thiago Silva
23 de Setembro de 2022
22 de setembro: 20 anos da Ufop em Monlevade

Ontem, 22 de setembro, comemoramos 20 anos da inauguração da extensão da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) em nossa cidade. Deu tudo certo! O ano era 2002, ano de copa do mundo, ano do penta, ano em que a sociedade brasileira clamava por mudanças, ano em que a universidade pública brasileira passava por um período de extrema escassez de recursos. Em um contexto extremamente desfavorável, alguém sonhou. Alguém ousou. 

Parabenizo aos que trabalharam para tornar o sonho uma realidade. Parabenizo à Ufop pela data e a todos que aqui estão, e por aqui passaram, estudantes, trabalhadores terceirizados, servidores técnicos e docentes e anistiados, pelo belíssimo trabalho desempenhado. Mesmo que hoje o contexto pareça muito similar, a Universidade Pública Brasileira sofreu grandes transformações nesses 20 anos. A Universidade cresceu, se fortaleceu, interiorizou, incluiu e se diversificou. João Monlevade recebeu a Ufop de braços abertos e, nesse período, implementamos 4 cursos de graduação e um mestrado. 

É sempre bom lembrar dos impactos positivos se ter a Instituição aqui. Além do impacto direto e indireto na economia provocado pela presença da universidade, o Campus João Monlevade trouxe a oportunidade de transformar a vida dos jovens e de melhorar a produtividade local. Trouxe, para o coração do Médio Piracicaba, um conjunto de profissionais capaz de dialogar com o que há de mais recente em termos de geração de conhecimento em nível mundial nas áreas de engenharias e em computação.  

Hoje, João Monlevade possui um Instituto vocacionado para discutir temas socialmente centrais como a Indústria 4.0, a Inteligência Artificial e a Tecnologia da Informação. Formamos, até o momento, mais de 1100 profissionais dos quais cerca de 330 são de João Monlevade. Realizamos diversos projetos de pesquisa e chegamos à sociedade por meio das inúmeras ações de extensão.  

Comemoramos duas décadas em meio a rápidas mudanças sociais que certamente influenciarão os caminhos da universidade. Contudo, sabemos que a universidade é mais lenta que a sociedade. Isso se deve, principalmente, à necessidade de debater, analisar e construir soluções. Desta forma podemos garantir a perenidade institucional. 

Se fisicamente o canudo se transformou em um 'arquivo .xml', se em meio a todas as mudanças o diploma, ou o valor de um diploma vem sendo questionado pela dinâmica mercadológica, por mais que tentem, o mesmo não pode ser dito do método científico, da importância da geração e transmissão do conhecimento. A universidade, em especial a pública, nunca foi tão questionada e, paradoxalmente, nunca esteve tão presente e foi tão necessária. 

Por isso, a Universidade Pública Brasileira deve, a todo momento, reafirmar sua posição e seu compromisso com a qualidade e demonstrar que seu papel é colaborar para construir bases sólidas de uma nação. Espero que, nos próximos vinte anos, possamos crescer, verticalmente, com novos cursos de pós-graduação e horizontalmente, com a oferta de novos cursos de graduação. Que intensifiquemos a relação com a sociedade e que o Icea não seja o único Instituto da Ufop na cidade. O caminho é longo mas, a exemplo dos que nos antecederam, é preciso sonhar, é preciso ousar. 

 

(*) Thiago Silva é doutor em Engenharia de Produção, servidor público federal e atualmente diretor do Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas da Ufop

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