Desde 1984
Marcos Martino
17 de Março de 2023
IA: As máquinas não amam

Devo confessar que fiquei apavorado alguns dias, com grande temor de ameaças ao meu trabalho, tanto na arte como na publicidade. Então, venho estudando exaustivamente e para tentar entender o que vem por aí. Sabe como é, né? Mineiro fica vigiando o horizonte. Qualquer nuvenzinha é sinal de chuva. Creio que muitos vem acompanhando a polêmica em torno do ChatGPT, que chacoalhou o planeta. 
Foi uma popularização absurdamente rápida e o planeta vem filosofando sobre os caminhos e descaminhos a partir do recurso. Em primeiro lugar, exatamente pela ameaça aos empregos, aos ofícios. O ChatGPTé um sistema de Inteligência Artificial (IA) que escreve textos de todo jeito. Mas não são apenas textos formais, nada disso. Escreve tudo. Escreve desde letras de músicas, a petições de advogados. Escreve roteiros, livros, poesias, TCC, joga xadrez, escreve códigos de computação e faz o diabo. Imagino que todos já tenham testado.
Eu interagi com bastante gente e as opiniões são bem diferentes. Tem os céticos, que desmistificam e diminuem a importância do ChatGPT. Participei de uma live, da linkediniana Ariane Reisier em que ouvi umas coisas bem interessantes. Duas delas hilárias: “o ChatGPT é uma espécie de Rolando Lero, que enrola colando referências bibliográficas a la frankstein”. Eu achei genial. Outra comparação foi com o papagaio, que fala sem parar.
Mas não. Não subestimo a inteligência humana espelhada pelas máquinas. Até fiz uma analogia. A IA ainda é bebê. Vai aprender, aprender e evoluir. Existe um temor de que possa superar o homem em algum momento. Existe até quem pense que vai superar o ser humano em tudo. Ao mesmo tempo existem céticos que acham que máquina jamais vai pensar, mas executar um programa e um comando. Eu considero a visão ingênua. A não ser que conceito de Machine Learning difundido seja fake, fantasioso. Pelo que leio, pressupõe aprendizado, evolução, crescimento, multiplicação, conexão, onisciência. Existem os céticos matemáticos, que continuam repetindo que o computador é burro. Tem os céticos linguisticos, que odeiam a perfeição postiça da IA. Tem os ameaçados de ter seus ofícios extintos. É o meu caso. Ah...importante também esclarecer que a inteligência artificial não opera apenas no ChatGPT. Está em várias outras ferramentas e tá entrando em todas as atividades humanas. Aliás, já está nas nossas vidas há algum tempo, só que a maioria não se dá conta. Na música (minha área) há uma quantidade enorme.
Na quarta-feira (15), passei a tarde estudando e localizei 19 sites que fazem coisas incríveis com a música e ainda compõe, fazem arranjos, com cantores, com tudo. Já existem aplicativos para diversos segmentos. Confesso que estava bastante assombrado pela situação e ainda estou. Fiquei pensando em que nós humanos superamos a máquina. 
Eu gosto muito de orar. Sempre quando tenho uma dúvida, procuro um lugar tranquilo e tento ficar online com Deus. Eu estava perguntando internamente: “Meu Deus! O que vamos fazer? Em que podemos superar as máquinas?” De repente EUREKA: a palavra amor iluminou meu cérebro. É isso: as máquinas não amam. O amor é nosso grande diferencial. 
Fiz até uma música a respeito (quem quiser é só buscar no Youtube). E se eu fosse você, não falava mal do ChatGPT. Vai que a Skynet descobre e pode querer se vingar, diretamente do futuro. Mas ufa! Relaxei um pouco! Nem a oitava maravilha, nem o apocalipse. Uma ferramenta a mais. E vamos em frente...humanidade, avante...sempre...

 

(*) Marcos Martino é compositor e ativista cultural 

JORNAL IMPRESSO