Desde 1984
Erivelton Braz
14 de Julho de 2023
“Eleição ganha é trabalho dobrado”

O título é uma citação do saudoso João Braz Martins Perdigão, uma das maiores lideranças da região que conheci. Ex-prefeito de São Domingos do Prata, fundador e ex-presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Piracicaba (Amepi), ele era um grande observador da vida política. Ao comentar sobre os que acham que o jogo eleitoral está ganho antes da abertura das urnas, ele usava e abusava da experiência, que não o deixava mentir. Afinal, quem pensa que já ganhou, está bem avaliado nas pesquisas e tem aprovação popular, é quem mais precisa trabalhar, mostrar serviços e o melhor, errar menos.  
Quem muito acredita e canta vitória antes do prazo, fecha-se em grupos de assessores e consultores, tenta iludir com marketing bonito, acaba metendo os pés pelas mãos. Ou pior, pode até ser surpreendido por um candidato surpresa, aquele que ninguém esperava, chegar forte na reta final, virar o jogo e ganhar as eleições. É o provérbio brasileiro de origem desconhecida: “O mal do urubu é pensar que o boi está morto”... 
A pré-campanha está aí e os governos que não pensam em governar, mas só em fazer política, estão na berlinda do eleitor. É ele quem decide e dá a palavra final sobre quem entra, quem fica e quem sai da vida pública. Parece óbvio, mas uma vez eleitos, muitos esquecem-se disso. Prefeitos em mandato e toda a sua equipe de governo, precisam abrir ainda mais os olhos, os ouvidos e fechar a boca, para não colocar tudo a perder. É quase redundante, mas repito: Não existe eleição ganha antes da apuração. 
Muitos prefeitos confiam demais nos bajuladores que os cercam e se esquecem de olhar para o povo. Secretários, assessores e servidores precisam servir. E servir é dar atenção, respeito, diálogo e sobretudo ouvido a quem os procura. Parece fácil, mas não é. Muitos não entendem isso e se esquecem de que os cargos são passageiros e a vida pública pertence à coletividade. 
Ainda que o governo esteja surfando em pesquisas, com altos níveis de ótimo e bom, não se pode acreditar que a vitória esteja garantida. Trabalho diário e permanente, comunicação bem-feita, bom atendimento, empatia, zelo pelo bem comum e oferecer ao povo o bem estar e a qualidade de vida necessárias, além de esperanças de um futuro melhor, não é tarefa fácil. Mas é o mínimo que homens e mulheres da vida pública devem fazer. 
Outra necessidade é saber ouvir críticas, enxergar onde estão os erros e minimizá-los o quanto antes. Não adianta culpar uns e outros. É preciso fazer a “mea culpa” e agir rápido. Ouvir as vozes das ruas, dos vereadores e daqueles que andam pela cidade e a conhecem não é um favor. É necessidade. E deve ser um exercício de humildade, inclusive, agradecendo as observações e sugestões.
 Quem só ouve e só faz o que quer, acaba tendo as respostas e resultados que não quer. E político competente precisa saber fazer o que deve ser feito. Quem faz só o que gosta não serve para vida pública. E isso vale para todos, sobretudo, para quem ocupa cargo eletivo e seus comissionados. As eleições estão aí, batendo na porta e como as nuvens, de uma hora para outra, tudo pode mudar...

 

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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