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Erivelton Braz
17 de Novembro de 2023
Será difícil vencer eleição para vereador

A próxima eleição será marcada pela renovação nas câmaras municipais. Particularmente, acredito que o índice de renovação nos Legislativos seja de 50%.  São muitos fatores que contribuem para isso, como o desgaste geral dos políticos, má comunicação e erros ao usarem ferramentas que poderiam aproximá-los dos eleitores, mas que acabam gerando efeito contrário: afastam as pessoas. Os dois últimos são os mais graves. 

Além disso, vejo o ano que vem mais propício para os jovens na política e também com mais oportunidades para as mulheres. Isso, devido à cota destinada a pelo menos 30% de um gênero. Ou seja, em Monlevade, com limite de 16 candidatos por partido ou federação, cinco devem ser mulheres. E há muitas cotadas e que podem fazer a diferença no pleito do ano que vem. Integrantes de secretarias municipais, representantes de entidades e lideranças despontam em suas funções e devem surpreender.  Além delas, claro, há muitos pré-candidatos homens se movimentando, estreitando relacionamento e se preparando para a disputa. Não será fácil vencer eleição para vereador em 2024.

Explico. Se por um lado os atuais vereadores estão em evidência pelo mandato, o que teoricamente é uma vantagem, por outro, eles tendem a sofrer mais ataques. Justamente, por estarem no cargo eletivo. Além disso, muitos que eram novidade, há quatro anos, hoje não são mais e vão precisar convencer o eleitor sobre porque merecem ficar. 

Para tanto, os atuais vereadores vão precisar de criatividade, planejamento e melhorar, sobretudo, a sua comunicação, se quiserem se reeleger. Outro fator que pesa contra eles, é a imagem ruim que o eleitorado tem em geral das câmaras municipais. Para muitos, vereador não presta... E, em geral, os vereadores se comunicam mal. Passando pelas redes sociais de muitos, percebe-se que eles estão quase todos presos a bolhas e ao trabalho político. Não há inovação e muito pouco engajamento. 
É um engano pensar mal dos vereadores. A nossa sociedade é tripartida e a Câmara, como um dos poderes, é fundamental para a democracia. Só que a maioria das pessoas não sabe disso. Dessa forma, o que precisa mudar é a percepção do cidadão sobre a função do Legislativo. E isso, cabe aos presidentes, integrantes da Mesa Diretora e a cada parlamentar falar do papel do vereador na melhoria da vida das pessoas. E quase ou nenhum faz isso. 

Por outro lado, novos nomes estão nas ruas e redes sociais conversando. E até que se elejam, os cidadãos os enxergam ainda como iguais. O que falta aos parlamentares é falar mais aos eleitores sobre como uma lei implantada, por exemplo, impacta diretamente na qualidade de vida dele. Mesmo na função de fiscalizar o Executivo, é importante o vereador se posicionar e apontar o que é acerto ou erro do governo. Porque também, o eleitor não gosta de quem só sabe criticar. É preciso criticar sim, mas apontar caminhos e soluções. Senão é falácia...

Com as redes sociais, os políticos têm excelentes canais para levar suas mensagens e divulgar seu trabalho para a comunidade. Mas não adianta fazer posts, gravar vídeos e se apresentar sem uma estratégia clara de comunicação. O marketing político não é feito por acaso. É necessário método, uso correto de ferramentas, mídia efetiva e, claro, falar menos, ouvir mais e acertar o tom naquilo que o eleitor deseja. A política não socorre quem dorme e muita gente já saiu na frente.

(*) Erivelton Braz é editor do A Notícia e fundador da Rotha Assessoria em Comunicação

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